Traduzido do original https://www.sailmagazine.com/multihulls/heavy-weather-strategies-when-sailing-a-catamaran - PETER JOHNSTONE
Por sua natureza,
catamarãs de grande porte são
excepcionalmente seguros em mar aberto. Não é incomum
navegar em condições medianamente desconfortáveis, como um
vendaval, apenas para chegar ao porto
e ouvir
velejadores de monocascos falar de
"sobreviver" a um mau-tempo
horrível. Um grande
catamarã moderno tem
muita flutuação
e excepcional
inércia ao balanço. Juntos,
estes fazem
com que um capotamento, ou inversão,
seja altamente improvável. Uma
onda de
30 pés
(~9,0m) atingindo um catamarã
pelo través simplesmente fará o
barco deslizar
de lado.
Na maioria das
travessias em mar aberto, comunicações e informações
meteorológicas avançadas devem
impedi-lo de sequer passar
por vendavais de verdade ou condições
de sobrevivência.
Os maiores
riscos ocorrem em
travessias em um
eixo norte-sul
entre as
estações. Travessias no
início da primavera
ou no
final do
outono entre a
Nova Inglaterra
(costa nordeste dos EUA) e o Caribe,
em águas do leste do Atlântico nas costas européias, ou
em rotas
entre o
Pacífico Sul e
a Nova
Zelândia são onde
você normalmente
tem a
chance de experimentar
uma “boa
surra” em alto-mar. Siga as
orientações descritas nas
“World Cruising Routes” (Rotas
de Cruzeiro
Mundiais), de Jimmy Cornell,
e esses
riscos serão minimizados.
Independentemente disso, qualquer
um que
se aventurar
em mar aberto em um multicasco
(ou, na verdade, em qualquer tipo de embarcação) deve sempre estar
preparado para lidar
com o
pior (já dizia o velhíssimo ditado “quem vai
ao mar, avie-se em terra!”).
Os catamarãs não são todos
iguais
Catamarãs de cruzeiro hoje
se enquadram
basicamente em duas categorias.
Catamarãs de charter/cruzeiro: Catamarãs de produção,
construídos para o
mercado de charter,
tipicamente apresentam quilhas
fixas integradas,
lemes de
pouco calado com baixa relação de
aspecto (low-aspect ratio), flybridges com grande área exposta ao vento,
mastros localizados bem
à vante, proas mais
curtas e deslocamentos
mais pesados.
Mesmo em
condições ideais de
águas calmas,
alguns desses barcos
sofrerão para fazer
progressos significativos no contravento e normalmente
navegam perto de
55-60 graus
verdadeiros de rumo em relação ao vento real (TWA).
Estratégias de mau-tempo
para esses tipos de
catamarãs devem se
concentrar em manter
o controle
e atingir
uma velocidade
moderada sem colocar em risco barco
ou tripulação.
Catamarãs de cruzeiro de alto desempenho: catamarãs de cruzeiro de
alto desempenho
normalmente têm bolinas
tipo guilhotina (se movimentam verticalmente) ou canivete (pivotam em torno de
um eixo transversal ao eixo do casco) muito eficientes, lemes
mais profundos, menos área
exposta ao vento e menor deslocamento.
Eles podem
orçar a
45-50 graus
em relação ao vento real (TWA) em
quase todas
as condições.
Um catamarã
de cruzeiro
de alto desempenho pode
tipicamente superar até
mesmo os
melhores monocascos no contravento. Dado o
seu peso
leve e
área vélica generosa, deve-se prestar
muita atenção à escolha
correta de velas para
permanecer seguro em
todas as
condições. As estratégias
para gerenciar
condições de tempestade
devem se
concentrar em velocidades
mais altas,
esforços mais baixos
e equilíbrio.
Alguns catamarãs não são facilmente categorizados dentro desses dois grupos, e as estratégias para manuseá-los variam e devem ser anotadas. Você precisa fazer uma avaliação franca do seu próprio barco antes de se aventurar em mar aberto. O fabricante/construtor do barco (ou o fabricante das velas) também deve lhe dar um gráfico ou guia de seleção de velas especificando limites seguros de cada vela para quaisquer condições. Se tal guia não existir, um simples inclinômetro pode ser útil.
Alguns catamarãs não são facilmente categorizados dentro desses dois grupos, e as estratégias para manuseá-los variam e devem ser anotadas. Você precisa fazer uma avaliação franca do seu próprio barco antes de se aventurar em mar aberto. O fabricante/construtor do barco (ou o fabricante das velas) também deve lhe dar um gráfico ou guia de seleção de velas especificando limites seguros de cada vela para quaisquer condições. Se tal guia não existir, um simples inclinômetro pode ser útil.
Exemplo de guia indicativo de utilização de velas de acordo com a intensidade do vento
Especificamente, a maioria dos
catamarãs navegam de forma tranquila e segura
a 6-7
graus de
adernamento, medido em
águas calmas,
ou no
cavado de uma
onda. À
medida que o
barco se
aproxima de 10
graus de
adernamento, o casco
de barlavento estará
perto de
levantar. É certo
que um
catamarã não deve
levantar o casco
de barla durante uma
travessia de cruzeiro!
Quando você estiver
navegando seu catamarã,
você deve
fazer a
si mesmo
algumas perguntas críticas.
Suas proas
afundam nas ondas no
contravento? Suas proas fazem pressão para afundar quando navegam
rápido a favor do vento? Seu bridgedeck
é alto
o suficiente
para não ficar batendo
nas ondas quando em orça em um
mar confuso?
O tempo
ruim logo
revelará qualquer deficiência.
Planeje aproveitar da melhor maneira os pontos
fortes do seu
catamarã e minimizar
seus pontos fracos.
Táticas de tempestade
Lazeira a sotavento é a primeira
consideração que determinará
suas táticas
para as
condições dadas. Você
está em
águas abertas
e é capaz
de desviar
do mau-tempo? Ou você
está navegando
ao longo
de uma
costa com
espaço limitado a
sotavento?
Catamarã de charter: Se você
tem lazeira
limitada a sotavento, então você
precisa configurar o
seu barco
para fazer
progressos para barlavento. A maioria
dos catamarãs
construídos para o
mercado charter tem
apenas uma vela de
proa, uma genoa de enrolar, que será
de uso
limitado em condições
de tempestade.
Em tal
barco, o velame
de mau-tempo pode
se resumir
à vela mestra rizada. Ao
navegar apenas com a mestra bem rizada, o traveler
deve ser
bem folgado para criar
potência suficiente para
permitir que o barco avance.
Você pode
monitorar seu rumo em
relação solo no GPS e
também usar referências
visuais (se perto
da costa)
para acompanhar
seu progresso.
Verifique o equilíbrio do
leme. Se
o piloto
automático está lutando,
com os
lemes indicando
forte tendência de orça (weather helm),
folgue a escota da
mestra para induzir mais
torção (twist) na valuma.
Isso vai
tirar aliviar
o piloto. Se o leme estiver
neutro, a escota da
mestra pode ser mais
caçada. O objetivo
é avançar
sem derivar
para sotavento. Você deve ser
capaz de
alcançar um ritmo
confortável e tranquilo
de 5-7
nós em
quase todas
as condições.
Se o
estado do mar
dificultar isso, ligue
o motor
de sotavento para fazer
um melhor
progresso para barla.
Catamarã de alto desempenho: Um
catamarã de alto desempenho
terá mais facilidade para
sair de
uma situação de lazeira limitada
a sotavento. Se as condições
forem severas,
é mais
seguro levantar a
bolina de sotavento e navegar
apenas com a de barla. Dessa forma,
se o
barco ficar
com excesso de potência e o casco de
barla começar
a levantar,
a bolina
sairá da
água e o barco
vai andar
de lado, ao invés de
continuar a adernar.
Em barcos
com bolinas tipo guilhotina, você precisará
equilibrar o leme.
Muitos catamarãs com
bolinas guilhotina exigem um estai de proa interno carregando
uma buja de temporal ou staysail
para conseguir
isso, embora
uma mestra
bem rizada
poderá ser o suficiente se
as bolinas
não estiverem
posicionadas muito para a
proa. Mais
uma vez, experimente no
seu barco
para ver
como ele
se comporta. Como acontece
com os barcos de charter, o barco
navegará bem apenas com a mestra se o traveler estiver bem folgado e a valuma regulada
para equilibrar o leme.
Ondas rebentando pelo través são o pior inimigo de um catamarã
Um catamarã com bolina canivete se comporta de maneira bastante parecida com um de bolina guilhotina, exceto que
você pode
trimar a mestra para mais desempenho e
alterar o ângulo
da bolina para equilibrar
o leme.
Trimarãs estão sujeitos aos mesmos riscos com ondas rebentando pelo través
Muitos dos catamarãs
de alto desempenho atuais
podem navegar
a até
14 nós
em contravento nas condições
ideais. Em condições
de vendaval,
a singradura deve ser
confortável e segura,
na faixa
de velocidade de 7-9
nós. Diminuir a velocidade
alivia os esforços sobre o barco, e
certamente também sobre a tripulação.
Estratégia de tempestade
Se o curso
desejado o coloca
em través,
você precisa
tomar uma
decisão. Nada coloca
mais esforço sobre um
catamarã do que
uma onda
estourando pelo través. Apesar de quase
todo moderno catamarã de cruzeiro ser projetado
de acordo com as regras de classificação CE A-1 para
águas abertas,
um impacto
a 90
graus de
uma parede
de água
atingindo o costado alto e reto e as grandes janelas de um catamarã, colocará seu barco
em risco
máximo. Escolha um
curso que
coloque as ondas
e o
vento à
proa ou
na popa do través.
Se você sabe
para que
lado o
vento vai
mudar, você pode
tomar melhores
decisões. Por exemplo,
se você
sabe que
o vento vai orçar durante uma
travessia, talvez você
devesse mirar acima
do seu
curso para
começar. Se você sabe
que o vento vai folgar ao longo da
travessia, mire abaixo.
Repito, não importa
o que
você escolha
fazer, evite mares pelo
través! Seu barco absorverá
impactos muito melhor
se eles
não estiverem
em um
ângulo reto com
o seu
rumo.
As combinações de
vela serão
semelhantes às mencionadas
acima, com o
traveler ajustado bem
para sotavento.
Preste atenção ao
ângulo de adernamento. É difícil
e lento
sair de
uma tempestade
em través.
Na dúvida,
tome mais
um rizo, e não
tenha pressa
em tirá-los,
mesmo que
você sinta
que o
vento está
moderando. Se seu
catamarã tem bolinas,
mantenha a de sotavento levantada,
e a
de barlavento baixada. Fique
de olho
no equilíbrio
do leme
e ajuste
a escota
da mestra de acordo, para
obter equilíbrio.
A maioria das
condições de vendaval
são previstas
com bastante
antecedência. O velejador experiente
posicionará seu catamarã
para evitá-los
ou pelo
menos será
capaz de
navegar no quadrante
traseiro ou de vento
a favor de sistemas de
baixa pressão.
Uma vez
que você
conheça o seu barco
e tenha experimentado um vendaval
ou dois,
navegar nessas condições
pode, em
breve, causar algumas
de suas
melhores lembranças de navegadas.
Quando as coisas ficam
feias
Em um catamarã de charter, os lemes
curtos e de baixo
aspecto estão frequentemente
no fluxo
de água turbulento sob
o casco.
Não espere
que eles
tenham uma aderência
firme ou
uma rápida resposta em mudanças de direção.
Mares íngremes
e confusos
podem ser
um desafio
para este
tipo de
barco. Até certo
ponto, mais velocidade
ajuda, mas o
objetivo final nas
condições de tempestade
é evitar
que as
proas atinjam a próxima
onda à
frente e que as
popas sejam arrastadas por ondas
maiores que arrebentam pela ré.
Arrastar alças cabo pode ser uma
estratégia muito eficaz.
Há várias
maneiras de fazer
isso. Um
cabo longo pode ser
arrastado em um
grande laço com
as extremidades
presas em cada
popa, ou
um pode
ser arrastado
de cada
popa, com
comprimentos variando para
ajudar a equilibrar
os lemes.
Uma alça
mais longa
arrastada do casco de sotavento, por exemplo,
pode minimizar
a tendência do leme à orça.
Ou você
pode montar
um bridão
que permite
ajustar a posição
de uma
única alça
mais longa
de um
lado para
o outro.
O objetivo
é segurar
as popas um pouco
no vento
e evitar
que o
catamarã atravesse em
ondas maiores
que arrebentem. O comprimento da(s)
alça(s) deve ser
ajustado para alcançar
a velocidade
ideal do
barco dentro
do padrão
de onda
para manter
velocidades decentes de
6-12 nós,
enquanto impede que
o barco surfe na
próxima onda, que
pode cobrir
de água o convés de proa.
Quanto às velas de tempestade, estas variam muito de barco para barco. Em geral, se o catamarã tem um flybridge com uma retranca bem alta, você deve baixar a mestra cedo e se concentrar em usar seus bujas. O rumo mais confortável será diretamente a favor do trem de ondas, mas muitas bujas vão ficar dando jibes de um lado para o outro continuamente, desgastando tanto a vela quanto os nervos da tripulação. Para parar essas manobras irritantes, tente passar um cabo mais aberto, para prevenir os jibes. Caso contrário, você talvez tenha que orçar um pouco, para um rumo de alheta ou ¾, para manter a buja mais estável.
Em um catamarã
de alto desempenho, você pode levantar
ambas as
bolinas e experimentar
talvez os melhores
dias de
sua vida
de vela.
A velocidade é sua
amiga. As proas de
um catamarã de alto desempenho moderno subirão
à medida
que ele
ganhar velocidade, e
não há
desvantagens em ir
mais rápido.
Quanto mais próximo
da velocidade
do trem
de ondas
você navegar,
mais suave
o andamento
se torna,
e menos
chance você tem
de sofrer
o impacto
de uma onda grande. A seleção
de velas
pode ser
uma mestra
bem rizada ou uma buja
caçada para o trilho de fora. Mesmo em
50-60 nós
de vento,
a singradura será suave
e confortável
enquanto você navega
a 15-25
nós. Verifique
sempre o equilíbrio
do leme
para manter os lemes
e pilotos
apenas levemente carregados.
Um catamarã é
uma escolha
legítima para cruzeiro
em alto mar e longas travessias. Como muitos
convertidos já devem ter lhe dito,
os catamarãs
são simplesmente
mais confortáveis
em mar aberto e, manuseados
corretamente, sua segurança
é excelente.
Boas travessias!
Como “estacionar” seu catamarã
"Estacionar o Catamarã" é um método eficaz para parar em qualquer
lugar e manter sua posição, do mesmo modo que “capear” em um monocasco. Cam Lewis
estacionou seu maxi-catamarã, Explorer, ao largo do Cabo Horn em uma tempestade
de 70 nós para permitir que um furacão passasse durante sua épica tentativa de
Recorde Julio Verne (navegação de volta ao mundo em menos de 80 dias, fazendo
referência à famosa obra do autor, de mesmo título. Hoje, o recorde pertence à
Francis Joyon e sua tripulação, com o mega-trimarã IDEC, e é de 40d 23h 30m e
30s). Para estacionar, rize bem a mestra, solte o traveler todo para sotavento
e cace bem a escota. Se você tem bolinas, levante-as até a metade, então amarre
o timão para que os lemes estejam empurrando o barco para barlavento. O catamarã
ficará em um curso seguro e bem orçado, à deriva de lado a aproximadamente 1/2 nó.
Se você precisa de uma pausa na pauleira de contravento, ou precisa esperar a luz
do dia para se aproximar do seu destino, estacionar pode ser uma estratégia eficaz.
O movimento é tão suave enquanto estacionado que muitos utilizam essa estratégia
para realizar reparos enquanto estão no mar em todas as condições. Seu catamarã
vai parecer uma grande quadra de tênis no meio do redemoinho.
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