Em dezembro de 2019 fui procurado
pelo Gustavo Carneiro Leão, tripulante, e pelo Álvaro da Fonte, proprietário e
comandante, do trimarã “Centauro”, de Recife, irmão gêmeo do “Trovão”. Eles
estavam enfrentando um sério problema e esperavam que eu pudesse ajudar.
Durante uma regata aconteceu um
dos maiores temores dos velejadores de multicascos - um beam (travessa) que
liga os cascos quebrou e eles só não sofreram um acidente mais grave porque
tiveram perícia para, rapidamente, contornar a situação.
A experiência prévia do
comandante Álvaro, tanto com o próprio “Centauro” que, uns 9 anos antes, recém
comprado, rompeu a travessa de popa, como com o famoso trimarã “Nativo” que, na
REFENO de 2014, rompeu os dois beams e acabou naufragando, e de cuja
tripulação o comandante Álvaro fazia parte, foram decisivas para evitar que o
acidente tivesse consequências mais graves.
Álvaro relata que, ao escutar o
estralo, instantaneamente se deu conta que era o mesmo ruído que escutou no “Nativo”
por duas vezes seguidas, quando da ruptura das travessas. Imediatamente aproou
o barco e mandou baixar os panos, para reduzir os esforços sobre a mastreação e,
consequentemente, sobre a estrutura do barco. Em seguida, ligou o motor e
seguiu, em velocidade reduzida, para o clube, enquanto a tripulação
providenciava uma amarração emergencial para evitar que a travessa quebrada
batesse contra o costado do casco central e causasse ainda mais danos.
Mas, agora, eles precisavam
construir um novo beam para substituir o rompido, mas não tinham as
especificações nem as dimensões corretas para isso.
Pesquisaram na internet, procurando
outros proprietários do modelo SeaClipper 28, e acabaram me encontrando. E
deram sorte pois, logo que adquiri o “Trovão”, encomendei do projetista, nos
EUA, um jogo de plantas do barco, já antecipando as reformas que eu sabia que
teria que acabar fazendo eventualmente. E, dentre essas plantas, tem uma mostrando
as travessas de maneira bem detalhada, com as dimensões exatas e as
especificações do material. Bingo! O pessoal do “Centauro” acertou na mosca!
Passei uma cópia digitalizada da
planta, eles contrataram um marceneiro no Recife mesmo e puseram mãos-à-obra para
construir o novo beam frontal e devolver o “Centauro” o quanto antes
para o seu habitat natural – o mar!
O acidente do “Centauro” fez acender um alerta na minha mente – o “Trovão”
tem mais ou menos a mesma idade e, até onde eu sei, seus beams ainda são
originais, ou seja, é importante eu dar uma boa revisada neles para não levar o
mesmo susto que eles tiveram. O ideal mesmo, por precaução, é substituir os beams
atuais, com 40 anos de idade e em estado de conservação desconhecido, por novos.
Mais um item para a lista (que só cresce...)! Mas é sempre preferível trocar antes
de quebrar...
O beam do “Centauro” ficou
pronto, perfeito, foi montado e o barco voltou para a água. E para minha
alegria, fiquei sabendo, esses dias, que foi o primeiro multicasco a cruzar a
linha de chegada da primeira regata em que participou depois de consertado,
tudo isso sem ter sido testado antes.
Recebi os agradecimentos efusivos
do comandante Álvaro – meu caro, não é preciso me agradecer, apenas faça o
mesmo ao próximo velejador em necessidade que encontrar.
Afinal, quem é do mar sempre
se ajuda em caso de aperto. Sucesso ao “Centauro” e à sua tripulação!
P.S. – O interessante de conversar
com outros proprietários do mesmo modelo de barco que se tem é poder trocar
ideias sobre as diferentes soluções que cada um deu para as questões e
problemas que vão surgindo. Por exemplo, o comandante Álvaro está me dando
ótimas ideias sobre o gurupés que pretendo instalar no “Trovão” e, também,
sobre os trampolins (redes) que ficam entre os cascos.
Esse dia do ocorrido foi realmente um dia atiípico, mas graças a Deus que acabou bem e o prejuízo foi apenas material. Nós do centauro agracedemos muito pela ajuda. Bons vento!
ResponderExcluirObrigado, Alexandre. Abraços e bons ventos!
ResponderExcluirParabéns Capitão!! 🤩
ResponderExcluirObrigado, meu amigo! Abraços e bons ventos. Saudades de vcs.
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