sábado, 2 de maio de 2020

“Trovão” deixou de ser apenas o meu apelido náutico!



Desde maio do ano passado, ou seja, há praticamente um ano, que “Trovão” deixou de ser apenas o meu apelido náutico e passou a ser, também (e finalmente) o nome do meu barco!

O barco, no caso, um velho trimarã amarelinho (batizado de “Trim”) que encontramos, minha esposa Lu(ciana) e eu, “largado” há tempo (e “no tempo”) sobre uma carreta, no gramado do CNT-Clube Náutico Tapense. O "Trim" é um SeaClipper 28, projetado pela dupla Jim Brown/John Marples.


Não vou mentir pra vocês – pelo tempo que o barco estava abandonado às intempéries, o aspecto dele estava bem feinho. Sujo, cheio de mofo e, quando abrimos a cabine, SURPRESA!!! – dois palmos de água dentro. A Lu ficou entre me olhar com cara de incrédula/apavorada e sair correndo logo dali. Confesso que também me assustei inicialmente com a visão. Mas, passado o susto, o “racional” tomou conta – o barco está no seco, logo, essa água só pode ter entrado por cima (chuva); além disso, entrou mas não saiu, o que quer dizer que o casco está íntegro, sem vazamentos, e isso é bom!




Bom, passado o susto inicial e considerando o trabalho que teríamos para limpar, consertar e deixar o barco em condições de uso, fizemos uma proposta ao vendedor que não era muito mais do que o valor das dívidas acumuladas junto ao clube pela estada do barco durante alguns anos. Uma vez aceita, passamos à fase seguinte – “Operação Faxina Pesada”!

Como a cidade de Tapes, onde estava o barco, fica a um pouco mais de 100 km de Porto Alegre, onde moramos e trabalhamos, íamos mexer no barco aos finais de semana, às vezes com a companhia de familiares e amigos, gentilmente “intimados” a ajudar, atraídos pela promessa de futuras velejadas.

Na base do escovão, água sanitária, lava-jato, etc. e muito “muque” (braço), conseguimos, aos poucos, ir removendo a sujeira acumulada pelos anos de descaso, tornando o barco (um pouco mais) habitável.





Finalmente, depois de mais de um mês indo a Tapes trabalhar no barco aos finais de semana, resolvemos aproveitar um feriadão para trazê-lo para sua nova casa – o Clube dos Jangadeiros, em Porto Alegre, onde tive minha iniciação na vela há quase 50 anos, pelas mãos do meu pai, que velejava desde a (sua) adolescência. Mas antes, precisávamos resolver um “pequeno” detalhe – como colocar o barco na água, pois não havia rampa nem guindaste. Contratei uma retroescavadeira com um operador super safo, que resolveu a questão num piscar de olhos – muito mais fácil do que eu antecipei.


Missão n.º 1 cumprida – o barco estava na água! Flutuando e sem vazamentos.



Enquanto meus pais decidiram pernoitar num hotel próximo do clube, a Lu e eu resolvemos dormir a primeira noite no barco, para curtir a novidade. O problema é que, além do frio, a cabine do “Trim” (futuro “Trovão”) é bastante acanhada e as camas são bem estreitas. Em resumo, dormimos como sardinhas enlatadas.


Com a tripulação reforçada pelo meu pai, encaramos, nós três, trazer o barco navegando pelas 65 milhas náuticas da Lagoa dos Patos e do Rio Guaíba. O plano era sair de Tapes bem cedo ao amanhecer, para evitar de chegar muito tarde e ter que atravessar a noite navegando num barco ainda desconhecido para nós. Mas os planos têm uma maneira bem própria de se realizarem, geralmente diferente da que imaginamos.




A saída atrasou, o vento demorou a entrar, quando entrou era da direção desfavorável, as ondas estavam bem picadas... vocês entenderam a situação, certo? Acabamos fazendo o percurso em aproximadamente 15 horas, motorando o tempo todo, com ajuda da genoa, pois o vento, entre 10 e 15 nós de intensidade, era exatamente “na cara” – paciência - e, além disso, os “torpedinhos” da testa da vela mestra estavam com folga nas costuras (decorrente da idade) e acavalavam no trilho do mastro, impedindo a vela de ser içada! Mas o dia estava lindo e o por-do-sol na lagoa foi fantástico!





Ao entrarmos no Guaíba, em Itapuã, já era noite fechada, tipo 21:30/22:00, e fazia um friozinho razoável (~15°C).

Por outro lado, entrar no Guaíba, o nosso “quintal”, trouxe uma sensação de familiaridade, uma tranquilidade decorrente do conhecimento, que ajudou a relaxar e tornar as últimas horas da travessia mais sossegadas. Finalmente, ao redor da 01:00 da madrugada chegamos ao nosso destino. O cansaço e o alívio eram tamanhos que só atracamos o barco e “desmaiamos” ali mesmo.




Missão n.º 2 cumprida – o barco estava finalmente em casa!


Nos próximos posts vou contar um pouco das primeiras navegadas, dos consertos que temos que ir fazendo, da cerimônia da troca de nome do barco, que contou com a ilustre presença de Netuno, e outras aventuras.
Missões n.ºs 3, 4, 5, ... ainda por cumprir!
Abraços e bons ventos!

4 comentários:

  1. Parabéns "ele te encotrou" que delícia heim!!! Imagino a sensação da primeira navegada,com o Pai!!! Deve ter sido maravilhoso...

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  2. Linda publicação! Parabéns! Queremos mais!

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    1. Obrigado. Aos poucos estou reativando o blog. Boa leitura.

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